Três microrregiões concentraram metade da produção nacional de algodão em 2023, aponta estudo da Embrapa
Estudo da Embrapa Territorial mostra que metade da produção nacional de algodão vem de apenas três microrregiões: Parecis e Alto Teles Pires, no Mato Grosso, e Barreiras, na Bahia. A análise faz parte do SITE-MLog, sistema que mapeia a concentração e a logística das principais cadeias do agronegócio brasileiro
NOTÍCIAS
10/15/2025
De acordo com dados atualizados da Embrapa Territorial (SP), três microrregiões concentram 50% da produção brasileira de algodão: Parecis e Alto Teles Pires, no Mato Grosso, e Barreiras, na Bahia. O estudo faz parte do Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária (SITE-MLog), que mostra como as principais cadeias produtivas estão distribuídas pelo país.
O levantamento reforça o papel do Centro-Oeste e do Nordeste como polos estratégicos para o cultivo do algodão, uma cultura de alto investimento tecnológico e logístico. Segundo o analista da Embrapa, André Rodrigo Farias, a exigência de infraestrutura de beneficiamento e maquinário específico faz com que a produção se concentre em áreas mais competitivas e com maior capacidade de investimento.
Outras culturas e regiões de destaque
O estudo também revelou que a produção agropecuária brasileira é fortemente concentrada em alguns territórios, variando conforme o tipo de cultura.
A laranja, por exemplo, segue como símbolo do estado de São Paulo, com apenas quatro microrregiões — Avaré, Bauru, Botucatu e São João da Boa Vista — respondendo por um quarto da colheita nacional.
Na pecuária de corte, a concentração é menor. Para atingir 50% do rebanho bovino brasileiro, é preciso somar 56 microrregiões, distribuídas nas cinco regiões do país. Pará, Rondônia e Tocantins se destacam no Norte, enquanto Santa Catarina e Rio Grande do Sul lideram na produção de frangos e suínos, resultado de fatores culturais e históricos ligados à colonização e ao cooperativismo familiar.
Culturas perenes como café e eucalipto também formam polos regionais. Três microrregiões — Três Lagoas (MS), Bauru (SP) e Porto Seguro (BA) — somam um quarto da produção de florestas plantadas. No caso do café, Minas Gerais lidera com folga, mas há polos relevantes na Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Rondônia.
A cana-de-açúcar, antes concentrada em São Paulo, hoje avança sobre Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Já os grãos, especialmente soja e milho, dominam a área central do país: em 2023, um quarto do milho veio de apenas quatro microrregiões — Alto Teles Pires (MT), Dourados (MS), Sinop (MT) e Sudoeste de Goiás (GO).
Fatores que explicam a concentração
Segundo a Embrapa, os diferentes níveis de concentração estão ligados a fatores tecnológicos, econômicos e históricos. Culturas que exigem alto investimento, como o algodão e o eucalipto, tendem a se fixar em locais com melhor infraestrutura.
Por outro lado, produções mais flexíveis — como a pecuária e o milho — se espalham por mais regiões, adaptando-se a condições variadas de clima e solo.
Farias destaca ainda que fatores culturais, como o modelo cooperativista do Sul, influenciam na concentração de cadeias como a de frangos e suínos. Já a bovinocultura, mais tradicional e menos dependente de tecnologia pesada, se distribui de forma mais equilibrada no território.
SITE-MLog: inteligência territorial a serviço do agro
Lançado em 2018 e atualizado em 2024, o SITE-MLog é uma plataforma gratuita desenvolvida pela Embrapa Territorial que permite visualizar, em mapas e gráficos interativos, a distribuição da produção agropecuária, exportações e infraestrutura logística do país.
O sistema abrange dez cadeias produtivas estratégicas: algodão, bovinos, café, cana-de-açúcar, galináceos, laranja, madeira para papel e celulose, milho, soja e suínos.
Além disso, o SITE-MLog apresenta os fluxos de exportação, portos utilizados, localização de armazéns e usinas, e até estimativas de oferta e demanda de nutrientes agrícolas.
Segundo o chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, o objetivo é transformar dados dispersos em informações geoespaciais estratégicas, que possam orientar políticas públicas, investimentos em infraestrutura e decisões de mercado.
Dados que revelam o coração do agro brasileiro
Os dados da Embrapa Territorial reforçam que a produção agropecuária brasileira está longe de ser homogênea — ela se organiza em polos altamente produtivos, apoiados por tecnologia e infraestrutura.
Entender essa concentração é essencial para planejar o escoamento da produção, otimizar cadeias logísticas e definir políticas de desenvolvimento regional mais equilibradas.
Com o SITE-MLog, o Brasil ganha uma ferramenta moderna para mapear o agro em tempo real, transformando conhecimento científico em estratégia nacional.
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