Sustentabilidade e lucro: estudos da Embrapa mostram que produção sustentável é viável na Amazônia e no Cerrado
Pesquisas da Embrapa comprovam que sistemas de produção sustentáveis, como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e sistemas agroflorestais (SAFs), são economicamente viáveis na Amazônia e no Cerrado, indicando que é possível aliar rentabilidade, conservação ambiental e recuperação de áreas degradadas
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10/12/2025


O debate sobre a sustentabilidade no campo brasileiro sempre esbarrou em uma questão fundamental: o que é mais lucrativo? Produzir de forma tradicional ou investir em sistemas sustentáveis?
Por anos, muitos produtores viram a transição para métodos mais verdes – como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e os Sistemas Agroflorestais (SAFs) – como um custo adicional, um "sacrifício" feito em nome da preservação. No entanto, o cenário do agronegócio sustentável está mudando, e a ciência brasileira acaba de fornecer a prova definitiva.
A importância estratégica dos biomas
O Brasil detém a maior biodiversidade do planeta, e dois biomas são cruciais para a produção nacional e a agenda climática global: a Amazônia e o Cerrado. A pressão internacional por uma produção "Desmatamento Zero" exige que as tecnologias aplicadas nessas regiões sejam não apenas eficientes, mas também economicamente viáveis.
É nesse contexto que entra a parceria entre a Embrapa – líder em pesquisa agropecuária tropical – e o Banco Mundial. Pela primeira vez, um estudo de grande escala concentrou-se não apenas nos benefícios agronômicos e ambientais da ILPF e dos SAFs, mas sim em uma análise aprofundada da sua performance financeira. O foco deixou de ser "se funciona" para "se vale a pena no bolso do produtor".
Produzir de forma sustentável é um bom negócio
Nos estudos conduzidos pela Embrapa Amazônia Oriental e pela Embrapa Cerrados mostram que a sustentabilidade pode caminhar lado a lado com a lucratividade. A pesquisa avaliou sistemas produtivos implantados há mais de uma década e concluiu que os modelos sustentáveis são financeiramente viáveis e competitivos em relação aos sistemas convencionais.
As análises envolveram diferentes tipos de cultivo e pecuária em regiões da Amazônia Legal e do Cerrado brasileiro, destacando exemplos práticos de sistemas como o ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta), os sistemas agroflorestais (SAFs) e o plantio direto.
Os resultados apontam que esses modelos não apenas aumentam a produtividade e a resiliência climática, mas também reduzem custos de insumos, melhoram a fertilidade do solo e ampliam a renda do produtor.
Viabilidade econômica e ambiental comprovada
O estudo, que avaliou seis sistemas produtivos distintos em diferentes municípios dos dois biomas, utilizou indicadores econômicos rigorosos – como o Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Índice de Lucratividade.
Segundo os pesquisadores da Embrapa, os sistemas integrados apresentam valores de TIR e VPL positivos, comprovando sua sustentabilidade econômica de longo prazo. Em muitos casos, o retorno sobre o investimento supera o dos sistemas convencionais.
Na Amazônia, os sistemas agroflorestais têm se mostrado uma alternativa eficaz à expansão agrícola predatória, combinando produção de alimentos, madeira e serviços ambientais. Já no Cerrado, a integração entre lavoura e pecuária tem elevado a produtividade por hectare e melhorado a rentabilidade das propriedades rurais
ILPF e SAFs: exemplos de sucesso
Nos sistemas ILPF, culturas como milho, soja e forrageiras são combinadas com árvores, promovendo um uso mais eficiente dos recursos naturais. Essa diversificação gera estabilidade de renda ao longo do ano, já que o produtor pode comercializar grãos, carne e madeira em diferentes períodos.
Já os sistemas agroflorestais (SAFs) têm se destacado como modelos de agricultura regenerativa, unindo espécies agrícolas e florestais que se complementam. De acordo com a Embrapa, os SAFs analisados demonstraram maior sustentabilidade econômica, especialmente em propriedades familiares e cooperativas agroextrativistas na Amazônia.
Essas práticas comprovam que a conservação ambiental pode ser um fator de ganho econômico, e não um obstáculo.
O papel da ciência e das políticas públicas
Os resultados reforçam a importância do investimento em pesquisa e extensão rural, fundamentais para ampliar o alcance dessas tecnologias sustentáveis. A Embrapa destaca que o sucesso dos modelos depende de assistência técnica qualificada, acesso a crédito e capacitação dos produtores.
Além disso, é esperado que este trabalho estimule a criação de um banco de dados robusto com informações econômicas, sociais e ambientais de ILPF e SAFs no Brasil, para que o produtor tenha melhores condições de escolher o sistema que melhor se adeque a sua região.
A adoção em larga escala de sistemas sustentáveis também pode contribuir para o cumprimento das metas de descarbonização da agricultura brasileira e para o fortalecimento da imagem do país como referência mundial em produção agropecuária sustentável.
Fonte: Estudos confirmam viabilidade econômica de sistemas sustentáveis de produção na Amazônia e no Cerrado - Portal Embrapa
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