O papel da agricultura na redução das mudanças climáticas
A agricultura é frequentemente associada às mudanças climáticas devido às suas emissões de gases de efeito estufa, mas ela também pode ser parte da solução. Descubra como a agricultura regenerativa, os bioinsumos, a agrofloresta, o uso eficiente da água e as energias renováveis estão transformando o setor em um aliado na luta contra as mudanças climáticas.
AGRO EM FOCO
5/8/20244 min read
A agricultura é frequentemente vista como uma das responsáveis pelas mudanças climáticas devido às emissões de gases de efeito estufa. No entanto, práticas agrícolas sustentáveis podem ajudar a mitigar esses impactos e até contribuir para a captura de carbono. Neste artigo, exploramos como a agricultura pode ser uma aliada no combate às mudanças climáticas.
As mudanças climáticas têm causado impactos significativos em diversas áreas, incluindo a agricultura. O aumento da temperatura global, eventos climáticos extremos e alterações nos padrões de chuva afetam diretamente a produção de alimentos, comprometendo a segurança alimentar e a economia rural. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o setor agrícola é responsável por cerca de 24% das emissões globais de gases de efeito estufa, principalmente devido ao desmatamento, emissão de metano pela pecuária e uso excessivo de fertilizantes químicos.
No entanto, ao mesmo tempo em que a agricultura é uma das causas das mudanças climáticas, ela também pode ser uma solução. A adoção de práticas sustentáveis pode reduzir as emissões, recuperar solos degradados e aumentar a resiliência dos sistemas produtivos. Este artigo explora algumas das principais estratégias que tornam a agricultura uma aliada na luta contra as mudanças climáticas.
Agricultura regenerativa e sequestro de carbono
A agricultura regenerativa é um conjunto de práticas que visa restaurar a saúde do solo e aumentar sua capacidade de absorver carbono da atmosfera. Segundo um estudo publicado na revista Nature, solos bem manejados podem armazenar até 3 gigatoneladas de carbono por ano. Métodos como plantio direto, rotação de culturas e cobertura vegetal ajudam a capturar carbono e melhorar a fertilidade do solo.
Exemplo: No Brasil, diversas fazendas adotaram o sistema de plantio direto, que reduz a necessidade de aração e mantém a matéria orgânica no solo, aumentando sua capacidade de sequestrar carbono e reduzir emissões.
2. Uso de bioinsumos e redução de fertilizantes sintéticos
O uso excessivo de fertilizantes químicos é um dos principais responsáveis pela emissão de óxido nitroso (N₂O), um dos gases de efeito estufa mais potentes. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o N₂O é 298 vezes mais impactante que o CO₂ em termos de aquecimento global. O uso de biofertilizantes e defensivos biológicos reduz a dependência de insumos sintéticos e minimiza as emissões, além de preservar a biodiversidade do solo.
Exemplo: Na Índia, agricultores passaram a usar biofertilizantes à base de compostagem e bactérias fixadoras de nitrogênio, reduzindo a aplicação de fertilizantes químicos e as emissões associadas.
3. Agrofloresta e sistemas integrados
A integração de culturas agrícolas com árvores e criação de animais melhora a biodiversidade e reduz o impacto ambiental da agricultura. Segundo a FAO, sistemas agroflorestais podem capturar entre 2 a 5 toneladas de carbono por hectare ao ano, contribuindo significativamente para a redução dos gases de efeito estufa. Além disso, esses sistemas promovem a conservação do solo e a diversificação da produção.
Exemplo: No Peru, projetos de agrofloresta envolvendo o cultivo de cacau e café sob a sombra de árvores nativas têm ajudado a restaurar florestas degradadas, aumentando a biodiversidade e capturando carbono atmosférico.


4. Eficiência no uso da água
O manejo inadequado da água na agricultura contribui para o desperdício e a degradação dos recursos hídricos. Segundo a FAO, a agricultura consome cerca de 70% da água doce do planeta. O uso de sistemas de irrigação eficientes, como gotejamento e captação de água da chuva, pode reduzir esse consumo em até 50%, garantindo maior produtividade com menor impacto ambiental.
Exemplo: Em Israel, um dos países mais avançados em tecnologia de irrigação, o uso de sistemas de irrigação por gotejamento permitiu aumentar a produtividade agrícola enquanto reduzia drasticamente o consumo de água.
5. Energia renovável no campo
A substituição de fontes de energia tradicionais por opções renováveis, como solar e eólica, reduz significativamente as emissões de carbono no setor agrícola. Estudos do Banco Mundial apontam que a geração de energia solar nas propriedades rurais pode reduzir em até 80% a dependência de combustíveis fósseis, tornando a produção agrícola mais sustentável.
Exemplo: Nos Estados Unidos, fazendas que adotaram painéis solares para alimentar sistemas de irrigação reduziram os custos de energia e diminuíram a pegada de carbono de suas operações.
Por fim, a agricultura pode ser tanto um fator agravante quanto uma solução para as mudanças climáticas. Com a adoção de práticas sustentáveis, é possível reduzir as emissões de gases de efeito estufa, melhorar a saúde do solo e otimizar o uso dos recursos naturais. Governos, produtores e consumidores têm um papel essencial na promoção de uma agricultura mais ecológica e resiliente. Investir em inovação e boas práticas agrícolas é fundamental para garantir a produção de alimentos sem comprometer o equilíbrio ambiental do planeta. O futuro da agricultura está diretamente ligado à capacidade do setor de se adaptar e contribuir para um mundo mais sustentável..
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