Novo levantamento da Embrapa mostra que 65,6% do território brasileiro é coberto por vegetação nativa

Atualização revela peso das áreas preservadas dentro das propriedades rurais e reforça o papel do Brasil no uso sustentável da terra

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body of water near green trees under blue sky and white clouds during daytime
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A Embrapa Territorial atualizou os dados sobre atribuição, ocupação e uso das terras no Brasil, incorporando bases mais recentes e refinamentos metodológicos. O novo levantamento mostra que 65,6% do território brasileiro permanece coberto por vegetação nativa, considerando tanto as áreas protegidas pelo Estado quanto aquelas mantidas pelos próprios produtores rurais. Dentro desse total, a maior parcela está justamente nas propriedades rurais, que preservam uma área equivalente a 29% do país. Já as atividades agropecuárias ocupam 31,3% do território nacional. Os números foram apresentados de forma preliminar durante a COP30, em Belém (PA), onde a pesquisadora Lucíola Magalhães, da Embrapa Territorial, destacou as atualizações metodológicas e a incorporação de novos dados governamentais e de sensoriamento remoto.

Panorama apresentado na COP30

A divulgação antecipada incluiu recortes dos biomas Amazônia e Cerrado e reforçou a importância das bases oficiais, públicas e abertas, que passam por aperfeiçoamentos constantes e impactam a consolidação dos resultados. Magalhães explicou que ajustes nos limites territoriais, integração de novas unidades de conservação e revisões nas definições dos órgãos geradores contribuem para um retrato mais fiel da dinâmica atual do território brasileiro. O estudo completo será publicado no próximo ano.

Critérios e metodologia

O cálculo dos 65,6% de vegetação nativa considera áreas de proteção integral, terras indígenas, áreas militares, unidades de conservação de uso sustentável, parcelas preservadas dentro de imóveis rurais registradas no SiCAR e ainda áreas não cadastradas ou devolutas identificadas por sensoriamento remoto. Segundo a Embrapa, a integração de diferentes bases governamentais com dados de satélite permitiu mapear não apenas a cobertura do solo, mas também identificar a responsabilidade sobre cada área, o que amplia o potencial para políticas de gestão territorial.

Distribuição das áreas

As áreas protegidas pelo Estado somam 19,7% do território nacional, enquanto as unidades de conservação de uso sustentável representam 6,5%. As áreas preservadas dentro das propriedades rurais, que chegam a 29%, evidenciam o compromisso ambiental dos produtores e equivalem à metade da área total dos imóveis rurais declarados no país. Além disso, 10,4% do território correspondem a áreas ainda não cadastradas ou devolutas, mas com vegetação nativa confirmada. No uso agropecuário, 10,8% do território é usado pela agricultura, 19,4% pela pecuária e 1,1% pela silvicultura, com crescimento das lavouras e retração das pastagens em comparação a levantamentos anteriores.

Dados por bioma

No Cerrado, as áreas destinadas à proteção e preservação ambiental ocupam 52,2% do bioma, com os produtores declarando 34,7% de áreas preservadas dentro dos imóveis rurais. Já as atividades agropecuárias se estendem por 45,9% da área total, confirmando a relevância agrícola da região. Na Amazônia, 83,7% do bioma é dedicado à vegetação nativa, impulsionado pelas grandes extensões de Unidades de Conservação, Terras Indígenas e áreas militares, que somam 34,9%, além das áreas declaradas no SiCAR. A agropecuária ocupa 14,1% da área amazônica, desempenhando papel importante para cerca de um milhão de produtores locais.

Relevância para políticas públicas

A Embrapa afirma que compreender de forma detalhada como o território está atribuído e ocupado é fundamental para orientar políticas públicas. As informações ajudam a embasar programas de pagamento por serviços ambientais, iniciativas de monitoramento territorial, projetos de conservação e direcionamento de financiamentos voltados a diferentes perfis de produtores. Esse conhecimento, segundo os pesquisadores, favorece decisões mais assertivas e compatíveis com os desafios de cada contexto regional, reforçando o compromisso ambiental dos produtores rurais e a posição do Brasil como potência agroambiental.

Importância do monitoramento contínuo

Para Gustavo Spadotti, chefe-geral da Embrapa Territorial, a atualização reforça a importância de manter cadastros públicos precisos e sistemas de monitoramento robustos. Ele destaca que os resultados apresentados na COP30 fortalecem o debate ambiental e consolidam a imagem do Brasil como liderança global em uso sustentável da terra, mostrando o impacto direto da pesquisa científica na compreensão e gestão do território.