Feijão no Brasil: pequenas lavouras são maioria, mas grandes áreas dominam a produção

Segundo estudo da Embrapa com base no Censo Agropecuário de 2017, pequenas lavouras de feijão representam 97% do total no Brasil, mas as grandes, com mais de 50 hectares, respondem por 75% da produção nacional

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10/4/2025

A produção de feijão é distribuída em todo o país, com destaque para o Centro-Oeste e o Sul
A produção de feijão é distribuída em todo o país, com destaque para o Centro-Oeste e o Sul

O feijão é um dos pilares da alimentação brasileira e uma das culturas mais tradicionais do país. Dados da Embrapa Arroz e Feijão, baseados no Censo Agropecuário de 2017, revelam uma realidade dual: enquanto 97% das lavouras de feijão são pequenas, com menos de 10 hectares, apenas 0,5% das lavouras maiores — com mais de 50 hectares — concentram 75% da produção nacional.

Essa discrepância entre número de lavouras e volume de produção mostra que, embora a agricultura familiar continue sendo numericamente dominante, as grandes áreas são as principais responsáveis pelo abastecimento nacional e pela exportação do grão.

Distribuição da produção: pequenas x grandes lavouras

O estudo evidencia que as pequenas lavouras têm forte presença nas regiões Sul e Nordeste, onde o feijão é cultivado de forma tradicional, muitas vezes para consumo próprio ou venda em mercados locais. Essas áreas somam 97% das lavouras existentes, mas respondem por apenas um quarto da colheita total.

Já as grandes lavouras, com mais de 50 hectares, predominam nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, onde o cultivo é altamente mecanizado e voltado à comercialização em grande escala. Com apenas 0,5% das áreas plantadas, essas propriedades são responsáveis por 75% de toda a produção brasileira de feijão, segundo a Embrapa.

Esses dados refletem um contraste entre volume e valor agregado, revelando a importância de políticas públicas e estratégias que permitam maior eficiência produtiva também entre os pequenos agricultores.

Desafios da agricultura familiar

O levantamento mostra que, apesar de dominarem em número, as pequenas lavouras enfrentam baixa produtividade média. A limitação de área, o uso restrito de insumos e a menor adoção de tecnologias reduzem o rendimento por hectare e tornam a produção mais vulnerável às variações climáticas.

Mesmo com essas dificuldades, essas unidades familiares têm papel essencial na segurança alimentar nacional. Elas garantem o abastecimento de feijão em mercados regionais e preservam a diversidade genética e cultural do cultivo, com diferentes variedades e práticas tradicionais adaptadas a cada bioma brasileiro.

A força das grandes lavouras

As grandes lavouras, que representam apenas 0,5% do total de estabelecimentos produtores, concentram três quartos da produção brasileira de feijão. Esse desempenho é resultado direto da adoção de tecnologias modernas, como irrigação de precisão, colheita mecanizada e sementes de alto rendimento.

Essas propriedades também se beneficiam de infraestrutura logística e acesso a mercados, permitindo maior competitividade e rentabilidade. A profissionalização da gestão agrícola e o uso de cultivares melhoradas tornam o cultivo mais eficiente e menos suscetível a perdas, consolidando o papel das grandes lavouras como motor da produção nacional.

Caminhos para um futuro mais equilibrado

Segundo os pesquisadores da Embrapa, compreender essa estrutura produtiva é essencial para o planejamento de políticas públicas voltadas ao fortalecimento da agricultura familiar sem comprometer a eficiência produtiva do setor.

A coexistência de pequenas e grandes lavouras é uma característica da agricultura brasileira que, se bem integrada, pode gerar benefícios sociais e econômicos. Promover o acesso à informação, à assistência técnica e a boas práticas agrícolas é fundamental para equilibrar a balança produtiva e garantir que todos os segmentos possam contribuir para o abastecimento e o desenvolvimento sustentável do país.

O estudo da Embrapa sobre a estrutura da produção de feijão no Brasil mostra que tamanho e produtividade não caminham lado a lado, mas ambos têm papéis complementares. As grandes lavouras sustentam o volume nacional de produção, enquanto as pequenas garantem diversidade, tradição e segurança alimentar.

O desafio para o futuro está em integrar tecnologia e inclusão social, de modo que o feijão continue sendo símbolo de resistência, nutrição e identidade do povo brasileiro.