Determinação política é a chave para o desmatamento zero, aponta estudo feito sobre Brasil e Indonésia

Estudo aponta que a determinação política, impulsionada por pressão social, é o fator primordial para o sucesso na redução histórica do desmatamento em países como Brasil e Indonésia

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10/10/2025

green trees under white clouds
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A sustentabilidade na agricultura e a conservação florestal são temas inseparáveis, especialmente em países líderes do agronegócio tropical como o Brasil. O sucesso na produção passa, inevitavelmente, pela responsabilidade ambiental.

Nesse contexto, uma nova pesquisa de alcance global, publicada na revista Conservation Letters e divulgada pelo portal da Embrapa, lança luz sobre o fator decisivo para conter o desmatamento em larga escala: a determinação política. O estudo, que analisou as experiências de redução histórica de desmate no Brasil (Amazônia) e na Indonésia, conclui que a vontade política, impulsionada pela sociedade, é o verdadeiro motor da mudança.

A ciência por trás da vontade política

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores utilizaram a metodologia Delphi, uma abordagem qualitativa que envolveu a consulta anônima e iterativa de 36 especialistas em conservação florestal dos dois países.

O objetivo do estudo foi investigar fatores estruturais e, muitas vezes, intangíveis – como a própria vontade política, a atuação da sociedade civil e a pressão internacional – que foram determinantes para as quedas históricas no desmatamento.

A conclusão é categórica: a determinação política, frequentemente estimulada pela pressão da sociedade civil e pela diplomacia internacional, é o componente mais crucial para proteger biomas vitais.

Lições históricas de sucesso no combate ao desmatamento

Os dados históricos em ambos os países comprovam a tese de que a política pública tem o poder de reverter a lógica da devastação:

  1. Brasil (Amazônia): O desmatamento registrou uma queda impressionante de 84% entre 2004 e 2012, período marcado por forte implementação de políticas públicas, monitoramento por satélite e fiscalização rigorosa.

  2. Indonésia: As reduções significativas, que chegaram a 78% no período de 2016 a 2021, foram impulsionadas não só por ações governamentais, mas também por um forte engajamento do setor privado com políticas de "desmatamento zero" em cadeias de commodities, como a do óleo de palma.

Desafio: conectar conservação à renda e qualidade de vida

O estudo da Embrapa também aponta para um desafio crítico para garantir a conservação florestal a longo prazo: a necessidade de integrar a pauta ambiental com a qualidade de vida das populações locais.

Para que a conservação seja perene e sustentável, é fundamental que haja geração de renda através da valorização dos produtos da sociobiodiversidade. O apoio às comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas, ribeirinhos), que são guardiãs da floresta, garante que o compromisso de "manter a floresta em pé" seja também um projeto de desenvolvimento econômico.

O futuro do agro é sustentável

A pesquisa chega em um momento estratégico, às vésperas de eventos globais de clima como a COP30, que será sediada no Brasil. É um alerta para que líderes políticos, diplomatas e o agronegócio sustentável mantenham a vigilância e o engajamento constantes.

O setor produtivo tem um papel vital. Ao demandar e apoiar cadeias produtivas que valorizam a conservação e os produtos da floresta, o agro reforça a pressão por políticas ambientais robustas e demonstra seu compromisso com a agenda climática global.

Ficou clara a mensagem: o futuro de um agronegócio próspero depende da vontade política sustentada. Mantenha o Agro em Foco para mais atualizações sobre a interseção entre produção e sustentabilidade!

Fonte: Estudo aponta que determinação política é chave para conter desmatamento no Brasil e Indonésia - Portal Embrapa.