Crise Global do Cacau: Entenda Por Que o Preço do Chocolate Disparou
A alta histórica no preço do cacau tem impactos diretos no bolso do consumidor e desafia toda a cadeia do chocolate. Entenda as causas, consequências e perspectivas dessa crise.
AGRO EM FOCO
4/3/20253 min read
Um Alimento Doce com um Cenário Amargo
Se você notou que os produtos de chocolate estão mais caros recentemente, não é por acaso. Em março de 2024, o cacau alcançou o valor recorde de US$ 8.000 por tonelada na Bolsa de Nova York, segundo a Intercontinental Exchange (ICE). Esse aumento expressivo reflete uma crise global do cacau, que afeta desde a produção nas lavouras até os consumidores nas prateleiras.
A combinação de fatores climáticos, baixa produtividade e demanda aquecida fez com que o mercado enfrentasse uma das maiores escassezes das últimas décadas. Neste artigo, vamos entender o que está por trás dessa crise, quem são os mais afetados e quais caminhos podem ser trilhados.
Principais Causas da Crise do Cacau
Mudanças Climáticas e Doenças
Condições climáticas extremas têm afetado diretamente a produtividade na África Ocidental. Chuvas fora de época, estiagens prolongadas e o aumento de doenças fúngicas como a Monilíase e a Vassoura-de-Bruxa, têm reduzido drasticamente a saúde das lavouras.
Queda na Produção dos Maiores Exportadores
Gana e Costa do Marfim, que juntos produzem cerca de 60% do cacau global, viram suas colheitas despencarem. Gana teve uma redução de 30% na safra de 2023, segundo a ICCO (Organização Internacional do Cacau).
Demanda Crescente
O apetite por chocolate continua crescendo, impulsionado principalmente por países emergentes como China e Índia. Essa demanda aquecida pressiona ainda mais uma oferta já fragilizada.
Especulação Financeira
Com a oferta em queda, investidores passaram a apostar na valorização do cacau. Isso inflacionou ainda mais os preços no mercado futuro, ampliando os efeitos da escassez real.
Impactos na Indústria e no Consumo
Produtos Mais Caros nas Gôndolas
Fabricantes como Nestlé e Mondelez anunciaram reajustes nos preços dos seus produtos para compensar o aumento do custo do cacau. A conta está chegando ao consumidor final.
"Shrinkflation": Menos Produto pelo Mesmo Preço
Muitas marcas optaram por reduzir o tamanho das barras e bombons, mantendo o preço final. Essa estratégia, chamada "shrinkflation", é uma forma de mitigar os impactos sem espantar o consumidor.
Alterando a Receita
Para reduzir o uso de cacau, algumas empresas estão aumentando a proporção de açúcar ou gorduras vegetais. O resultado pode ser um chocolate menos puro e com menor valor nutricional.
Consequências para Produtores e Pequenas Indústrias
Agricultores Ainda Marginalizados
Apesar da alta nos preços internacionais, muitos produtores rurais não estão a lucrar mais. Intermediários e grandes corporações ficam com a maior parte dos ganhos.
Pequenas Fábricas em Alerta
Chocolaterias artesanais e pequenos fabricantes têm mais dificuldade de absorver os custos sem perder competitividade. Algumas correm risco de encerrar atividades.
Consumo em Risco
Com os preços nas alturas, a demanda pode cair em algumas regiões, gerando um efeito de estagnação para o mercado global.
Um Alerta para o Futuro do Chocolate
A crise do cacau é um exemplo claro de como fatores climáticos, econômicos e estruturais se entrelaçam para impactar produtos que fazem parte do cotidiano. A escassez deve continuar enquanto não houver soluções sustentáveis para os produtores e políticas públicas que incentivem boas práticas agrícolas.
Para os consumidores, o caminho pode estar na escolha de chocolates de origem certificada, com rastreabilidade e compromissos socioambientais. Para os produtores, investir em resiliência climática e inovação é essencial.
O cacau é cultivado principalmente em países tropicais como Gana e Costa do Marfim
A valorização do cacau afeta diretamente o preço do chocolate para o consumidor final.


Agricultores enfrentam queda de produtividade mesmo com alta nos preços do cacau.


Em março de 2024, o cacau atingiu o maior preço já registrado no mercado internacional.
Fonte: Intercontinental Exchange Inc. e Bloomberg



